sábado, 6 de julho de 2013

Valsa ao anoitecer

Vejo-a, minha amada,
no momento mais profundo
da minha escuridão,
reluzir-se feito chama
mas, ao grito que te chama,
desfaz-te na imensidão.

Vejo-a, em delírio,
aparecer-me num dossel;
encantando-me -teu perfume,
enlaçando-me com teus véus.

Vejo-a, de relance,
despir-se no meu jardim
-de toda a tua bondade
e perfumar-se de jasmim.

Vejo-a, novamente,
a transformar em cal e breu
a sua face serena,
o amor que nunca foi meu.

E os braços que ali estavam
-cobertos de ingratidão
a morte já abraçavam
entregues à escuridão.

Então vejo-a, finalmente
em meus braços descansar,
com seus pálidos-e perdidos, olhos
congelados no meu olhar
-Tua vida, donzela,  à iminência de uma lembrança-
Minha amada, agora tão bela,
ressona em sua última dança.

Tão doce, tão pura
tal qual como eu sempre quis.
Ao teu lado- Óh, eterna!
no nosso final feliz.



Nenhum comentário:

Postar um comentário