segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Latência.

Sabe aquele momento em você percebe que ao respirar não faz esforço e que a mente há tempos desacelerou os rodopios? Percebe que já não existem planos mirabolantes e listas infinitas (só meia dúzia de vontades num papel). Percebe que já não há tanto drama ou exagero. Algo mudou sem que eu me desse conta. Será isso o que chamam de amadurecimento? Isso meio sem graça, meio sem desvio... Será isso o preço que a gente paga ao ser jogado no meio de uma sociedade quadrada e coerente; o preço que pagamos pra sermos responsáveis e iguais. O preço que pagamos pra sermos quem, no meio daquela época desvairada, escolhemos ser?
Mas se, ao esconder o que sou, em busca daquilo que pretendo ser, acabar não sendo mais quem eu era? Um caminho sem volta, sem reversão...
É preciso guardar com cuidado a essência do que se é para que não se perca no meio do caminho, senão todo caminho percorrido será em vão...
É preciso se guardar, ao se jogar no meio desse nada sem graça e sem sentido, em que é preciso sobreviver e focar no alvo. O foco deve ser firme, mas sem viseiras que nos ceguem daquilo que precisamos enxergar.
Que existam sempre as distrações para que nos lembremos aquilos que nos rege à vida.
Que minhas distrações me movam sempre ao alvo, ao meu desejo de ser tudo e não perder nada do que me faz feliz. Mesmo possuindo tantas coisas contrárias e contraditórias, pois é essa divergência que me faz andar, deixar com que meus 'eus' briguem entre si e vençam -um em cada hora, e eu possa experimentar a vida com todos os eus que existem em mim.

sábado, 6 de julho de 2013

Sem título.

Me perdoa, meu amor
se me falta compostura
pra te amar com essa estrutura
que me diz que é desventura
te amar com tanto ardor.

É que falta-me postura
ao encontrar com tua figura
tão tomada de ternura.
Quero logo ter a bravura
de segurar em tua mão. 

Penso logo -que loucura!
em mostrar-lhe minha cintura
pra conduzir-me pelas curvas 
das molduras do salão.

E ao que diz essa cultura
digo logo: à sepultura!
pois terminaste minha procura
pelo x dessa questão.

Pois no fim da minha história
não há mais escapatória
pro moço da ocasião.

Já foi feita a mistura
quero logo a ventura
a loucura, o furacão

Vem depressa, vem agora
pra amar não se demora
que amanhã já sou senhora
e o tempo não volta não.
Vem fazer da calma, espora
transformar segundo em hora,
do vazio de outrora
um amor de inundação.

Diga logo o horário
pr'eu anotar no meu diário
todo o nosso itinerário:
 te amar com mais loucura
a cada passo de lonjura , 
te escrever uma partitura prum soneto de ocasião
te beijar só com fartura, expulsar toda amargura
me escupir como uma escultura, dentro do teu coração.



Valsa ao anoitecer

Vejo-a, minha amada,
no momento mais profundo
da minha escuridão,
reluzir-se feito chama
mas, ao grito que te chama,
desfaz-te na imensidão.

Vejo-a, em delírio,
aparecer-me num dossel;
encantando-me -teu perfume,
enlaçando-me com teus véus.

Vejo-a, de relance,
despir-se no meu jardim
-de toda a tua bondade
e perfumar-se de jasmim.

Vejo-a, novamente,
a transformar em cal e breu
a sua face serena,
o amor que nunca foi meu.

E os braços que ali estavam
-cobertos de ingratidão
a morte já abraçavam
entregues à escuridão.

Então vejo-a, finalmente
em meus braços descansar,
com seus pálidos-e perdidos, olhos
congelados no meu olhar
-Tua vida, donzela,  à iminência de uma lembrança-
Minha amada, agora tão bela,
ressona em sua última dança.

Tão doce, tão pura
tal qual como eu sempre quis.
Ao teu lado- Óh, eterna!
no nosso final feliz.



Sem título.

Que meu amor possa te mostrar
Toda felicidade que encontrei
Em teu amor, em teu olhar,
No mais lindo sonho que sonhei.

Que, quando olhar em meus olhos,
Meu coração possa encontrar
Declamado em poema,
No mais sincero ressonar.

Que tuas mãos possam sempre
Me sustentar e me prender
Ao teu amor e, suavemente,
Me trazer delírios de prazer.

Que, sempre, tua voz derrame
Notas de amor aos meus ouvidos
Com o ardor sempre doce
Dos teus sussurros, notas e gemidos.

Que eu me esvazie de tudo
E que teu amor em mim seja vida, ar
Pois nada, nada tem sentido
Se, em minha vida, eu não puder te encontrar.

Estás em mim porque és o único
Que preenche toda minha imensidão
És o único que poderia
Ser o eterno dono do meu coração.

E, antes que o sol se ponha
Na aurora do nosso amor
Que do meu beijo possa arrancar um último suspiro
E me levar contigo
Para onde você for...