quinta-feira, 3 de março de 2011

Cárcere.

Uma angústia nostálgica, sufocante e agoniante por nao ter motivo. Logo quando todas as minhas certezas se confirmam, numa estabilidade calma e prazeirosa, quase divina.
Quando me encontro à essência da vida, na forma mais plena do amar.

Nao, nao tenho motivos.

A nao ser que sinta angústia por nao ter motivos para me angustiar. Como se o tédio da estabilidade me fizesse perceber que nao há nada além dela. Mas nao o sinto, nao o tédio. Os dias me parecem extremamente vivos, mesmo na falta do que fazer, me sinto preenchida pela descoberta diária das mil maneiras de amar, de modo que o nada também me parece atraente. Um doar-se à vontade, à alegria, sabendo também que sou extremamente amada. Nao que eu mereça, mas o amor nao necessita de méritos.
Mas, ao fundo e apesar de tudo, ainda a sinto. Antiga companheira de horas lúgubres, astuta e ágil como quem conhece todos os meus defeitos a ponto de sber como torturar-me, como quem persegue uma presa, a angústia me adoeçe.
Como um pecado secreto, um preço por tanta felicidade ou uma culpa envergonhada, que me faz prender a respiraçao com medo de que escape pela boca ou derrame por meus olhos.


E assim, em tortura quase calculada, me sinto sufocada.



25.05.10

Nenhum comentário:

Postar um comentário