quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Raízes

Depois de um tempo, aqui voltamos
Na tentativa de um mergulho profundo
De um ressonar nas entranhas
De encurvar-se em si mesmo
De olhar pra dentro

Escavar com as mãos
Até sangue, suor e sabor
Chegarem às raízes reviradas
E ali, enfim, fazer casa

Em gruta esquecida e profanada
Labirinto secreto
Onde por anos perdi as coordenadas
Mas que só eu sei o caminho

Hoje escavo com as mãos
Querendo me sujar inteira
De terra, de solo, de mim
- Quero o sabor da essência

Quero pendurar-me nas raízes
Docemente afagá-las
Enxugá-las com lágrima e pedir desculpas
Pelo abandono. Esquecimento. Desencontro

Por ignorar, por fingir
Por esconder, por ceder
Até a última gota
Até a última semelhança
Por me esvaziar de mim
De ti, que sou eu, e que há muito estava perdida
Porque hoje não sou tu
Mas quero ser
Pra ser inteira, pra ser imensa,
pra ser.




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