sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

- SIC


sinto tua falta. sinto falta de quem eu era... sinto raiva de você por sentir sua falta e mais raiva ainda de mim, por depender de ti pra ser quem era...
mas não deveria me assustar, afinal, volto a ser aquela que sempre fui por muito tempo... mas também não posso viver aquela antiga vida à procura de um coração disponível pra comportar toda a minha dor e existência. então, o que me tornei? um ser sem vida acorrentado a um fantasma de quem conheci um dia... a um fantasma que me lembra que não sou mais como antes mas que, por ser um espectro volátil e fugaz, não consegue ter o mesmo impacto em mim da criatura e resoluta cálida que era antes...
então não me culpe por me sentir assim, sem dono, sem sono, sem vida, se antes o que existia pra mim nada mais é do que um reflexo mal feito...
então, em que eu me tornei? em uma energia lânguida perscrutada por desejos nebulosos de mãos quentes, olhos devoradores, palavras macias e diretas, que possa dizer exatamente o que minha alma precisa tanto sorver... vida, desejo alguém que coloque vida embaixo da minha pele, por entre os meus ossos, e me faça sentir pronta pra fazer qualquer loucura. até mesmo a de acreditar que, desse jeito, nada poderá me atingir... eu quero só a loucura. a louca da certeza, da exatidão. não quero meias palavras, meios olhares, meios toques. quero a vida por inteiro; sempre quis... mas, por algum tempo me permiti viver pela metade -só enquanto adapto as coisas-dizia... mas meu corpo, ,minha alma, não suporta mais meia vida, meio alimento. sou como um buraco negro... nem uma estrela inteira poderia me satisfazer.. preciso do muito, da reinvenção, da novidade que é sempre mais grandiosa que o senso comum. então, como suportar ser alimentada com ínfimas partículas de poeira advindas de estrelas que estão tão, tão distantes... mas amo ser quem sou e o que tenho, por isso não vou embora... mas é inconcebível a falta de compreensão porque me escondi por tanto tempo por saber que era assim... te neguei, neguei ao que eu mesmo sentia, por não querer destruir algo que amava, por não querer apostar tudo em algo que poderia não me suportar...
mas o que fizeste? mentiste pra mim quando disseste que não tinha perigo? e o que fazer agora? quebrar o inquebrável, desfazer o inseparável, viver sem respirar???

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